quinta-feira, janeiro 06, 2011

PowerBalance = Fraude ???

Nestes últimos tempos (primeiros dias de janeiro de 2011) uma das notícias que mais se multiplica na internet – particularmente nas mais conhecidas redes sociais – é que a PowerBalance (nas suas várias encarnações, sendo a mais conhecida, as pulseiras) é uma fraude.
Sendo eu um "cliente" da PowerBalance (comprei uma pulseira em meados de 2010), quis ir ver eu próprio a notícia ao site da PowerBalance.
O que li lá é que a companhia que comercializa a pulseira PowerBalance confessa não haver nenhuma base científica para justificar o funcionamento da dita pulseira. Pessoalmente, devo afirmar que a explicação dada pela companhia para o funcionamento da pulseira sempre me pareceu "bullshit", muito palavreado pseudo-técnico, assim ao estilo da cantilena dos mecânicos nas oficinas ao tentar justificar o porquê de tantas reparações não solicitadas pelos clientes.
O que a PowerBalance (PB a partir de agora, por uma questão de brevidade) fazia e que se pode considerar fraude era anunciar o modo de funcionamento do produto referindo bases semi-científicas. Este tipo de fraude é conhecido como publicidade enganosa e sim, é punível por lei. E esta é a ÚNICA FRAUDE cometida pela PB.
No entanto está toda a gente a dizer que as próprias pulseiras são uma fraude. Estão a confundir a parte pelo todo. E não são só os utilizadores das redes sociais que estão a cometer este erro crasso. São também os sites noticiosos.
Mas, como nunca fui de "emprenhar pelos ouvidos", o que me interessa são resultados, produtos que eu possa testar, medir, comparar, analisar.
E a pulseira PowerBalance dá para fazer tudo isso. Começo por explicar como conheci esse produto e o que é que me levou a querer comprá-lo.

Um ex-colega meu sofreu um acidente de mota no qual partiu uma clavícula. Vi-o uns meses depois do acidente e perguntei-lhe como estava da clavícula ao que ele me respondeu que ia bem, fazendo fisioterapia e que "com a PowerBalance vai ainda melhor."
Desconhecia o que era a PB e ele disse-me para ir ver à net. Fui e parecia-me realmente algo saído de um MelgaShop, muita "bullshit", muita banha-da-cobra.
Mas ele disse-me que, se quisesse podia experimentar ali a dele e perguntou-me logo se eu tinha alguma "mazela" que me provocasse dor ou que me impossibilitasse de fazer algum movimento.
Na realidade tenho uma "mazela" bem chata no ombro esquerdo que me impossibilita de levantar o braço mais que 90° sem uma dor fortíssima e debilitante. Antes de pegar na pulseira, experimentei levantar o braço mais uma vez sentindo de imediato a dor que esperava.
Sem qualquer expectativa, peguei na pulseira e levantei o braço. Não! Não pode ser... Quase nenhuma dor. Espera lá... larguei a pulseira e levantei novamente o braço. De novo senti a dor usual. Voltei a pegar na pulseira e pude, de novo, levantar o braço quase sem dor. Não podia acreditar no que se estava a passar... mas quando tinha a pulseira a dor diminuía para uma quase inexistência.
Quando experimentei isto, juro que estava convencido que a pulseira não passava daquilo que agora a acusam: uma fraude. Portanto, não estava condicionado por nenhum factor de fé ou puramente psicológico. Se assim fosse creio que iria falhar uma vez que, como pessoa lógica que sou, toda a explicação que ouvi/li sobre o funcionamento da PB me pareceu uma valente fantochada.
Ainda fiz os outros testes que apareciam no site da PB e em inúmero vídeos do Youtube que incluíam experiências de equilíbrio, flexibilidade e força. As que mostravam maiores alterações foram as de equilíbrio e de força mas eu nunca fui muito flexível e agora, com quase 40 anos e muito em baixo de forma, ainda menos ;-)

Mas pronto, fiquei convencido. Pelo menos tirava-me a dor do ombro e isso para mim bastava. Comprei uma pulseira para mim (e outra para a minha esposa) e tenho-a usado desde então quase diariamente.
Por vezes perguntam-me o que é isso que estou a usar ou, para quem sabe o que é, perguntam-me se isso dá algum resultado ou simplesmente confirmam que é bom ou escarnecem. Portanto, toda uma panóplia de reacções possíveis.
Como sou formador e tenho contacto com muitas pessoas com as quais ganho alguma confiança, por vezes durante os intervalos das formações fazia os "testes" aos alunos que se mostravam interessados (e até fiz a alguns colegas).
Visto que muitas pessoas diziam que era só "banha-da-cobra" ou que era psicológico decidi fazer alguns testes "cegos". Ou seja, fazer os testes a pessoas que eu conhecia (tinha de haver alguma confiança para me deixarem fazer estas coisas, não é?) mas sem saberem do que se tratava.
Assim, decidi fazer o seguinte:
Coloquei a pulseira dentro de um daqueles "ovos" amarelos do Kinder Surpresa.
Num "ovo" igual, coloquei um placebo (alguns elásticos para criar um peso semelhante ao da pulseira).


Efectuei os testes sem que as pessoas segurassem em qualquer um dos "ovos". Repeti os testes várias vezes – sem os "ovos" – porque muita gente diz que as pessoas fazem o teste sem a PB e quando repetem o teste com a PB já estão preparados e reagem de maneira diferente.
Depois deixei as pessoas escolherem aleatoriamente um dos "ovos" (nem eu sabia qual continha a PB) e voltei a efectuar os mesmos testes.
Depois pedia às pessoas para segurarem no outro "ovo" e repetia os testes.
Quase em 100% das vezes, ouve alterações (mais equilíbrio, mais flexibilidade, mais força) quando o "ovo" que seguravam era o que continha a PB (no fim abriam-se os "ovos" para verificar o conteúdo).
Digo quase em 100% das vezes porque, por vezes, havia alguma melhora (um pouco mais de equilíbrio, um pouco mais de flexibilidade, um pouco mais de força) quando o "ovo" segurado era o que continha os elásticos. Nunca era tão evidente como com o "ovo" que realmente continha a PB mas havia alguma diferença nos resultados, quando comparados com os testes efectuados sem qualquer "ovo".
Portanto, talvez exista de facto algum factor psicológico mas os efeitos obtidos não se podem explicar com um factor EXCLUSIVAMENTE psicológico.
Sinceramente estou-me a borrifar para o modo como é que PB funciona. Acho perfeitamente possível e até lógico que exista um factor psicológico. Esse factor psicológico (que é o que permite que os placebos funcionem) não explica o facto de a PB continuar a alterar o equilíbrio/flexibilidade/força das pessoas testadas que NÃO SABEM O QUE ESTÃO A USAR. O que eu sei é que há alterações. No meu caso, para muito melhor, uma vez que me aliviou uma dor forte e debilitante.
O que eu acho mais interessante é que a maioria das pessoas que dizem que tudo isto é uma treta e que não passa de uma fraude se RECUSEM A FAZER OS TESTES. Digam o que disserem, o facto de se recusarem a fazer os testes só prova que têm receio de ter de admitir que alguma coisa realmente acontece. Se tivessem realmente seguras do que afirmam, não teriam qualquer problema em efectuar os testes para provar que com ou sem a PB, os resultados seriam os mesmos.

Criticar é fácil. De facto, é tão fácil e, aparentemente, tão divertido que quase se tornou um lugar comum entre os humanos o acto de criticar ou escarnecer simplesmente porque... sim.
Se criticam ou escarnecem de algo, ao menos tenham a legitimidade e a coragem de provar que a vossa opinião é tão fundamentada quanto aquela das pessoas que estão a criticar ou escarnecer. Quem aponta o dedo sente-se superior mas quando se recusam a provar por A mais B que realmente têm razão para se considerarem superiores, apenas acabam por provar, também por A mais B que não o são e, além disso são cobardes.
Mantenham o espírito aberto, não julguem sem fundamentos e, acima de tudo não "emprenhem pelos ouvidos".

quarta-feira, abril 07, 2010

Uma floresta devia chamar-se arvoresta.
Uma floresta devia ser um grande conjunto de flores.

quinta-feira, junho 30, 2005

Geriátrico a Bordo

Quantos carros não vemos com o dístico "Bebé a Bordo" ou "Criança a Bordo"?
É sempre bom saber que à nossa frente vai um condutor que leva na sua viatura um pequeno pimpolho e que devemos tomar particular cuidado com a nossa condução ou que as atitudes extremosas (assim o deviam ser) da condução desse indivíduo se devem à preciosa carga que transporta.
Mas creio que deviam existir outros dísticos. Nomeadamente um dizendo "Geriátrico a Bordo".
Assim, podíamos perceber o porquê de o carro que segue à nossa frente não andar a mais de 20 quilómetros por hora numa zona de limite máximo de 60 km/h. E porque o mesmo carro faz um barulho que parece denunciar que nunca se colocou uma mudança mais alta que a segunda.
Se uma pessoa tem um carro e não anda mais depressa com ele do que se andasse a pé, para que é que anda de carro?!?
O mais aviltante é que muitas dessas pessoas, já no "inverno da vida" (algumas apenas no "outono da vida"), conduzem bólides de marca e com manadas de cavalos-vapor. E, mesmo assim, poupam a cilindrada como se fosse algo que se gastasse e não voltasse mais.
Se conhecem algum desses "condutores de bengala", digam-lhe que os cavalos do motor não morrem se pisarmos um bocadinho o acelerador.
A um cirurgião a quem tremem as mãos, não é permitido operar. Se a falta de reflexos e a acuidade visual diminuída, próprias da idade, não lhes permitem conduzir em condições, NÃO CONDUZAM!!

segunda-feira, junho 20, 2005

O DJ de automóvel

Este fim de semana (ou)vi vários. Eles "andem aí".
Conhecidos de todos, os DJ de automóvel passeiam-se pela cidade, de vidros abertos (fundamental), oferecendo ao transeunte uma saraivada de decibéis que atingem sem o menor esforço os níveis considerados dolorosos. Se não pela altura da música, pela qualidade da própria música que é, normalmente, inversamente proporcional ao volume.
Que ouvem esses pobres de espírito? O mais frequente é o vulgar PUM! PUM! PUM! mas, dependendo da etnia do condutor podemos "apreciar" variações temáticas pseudo-pimba do cantor "lá da terra".
Querem destruir os tímpanos? Destruam só os vossos. Não nos obriguem a estar expostos ao vosso duvidoso gosto musical e de inépcia para controlar um simples botão de volume.
Sei que estou a pregar ao vento pois os DJ de automóvel não vêm aqui ler este blog... estão demasiado ocupados a gravar CDs piratas com a última pimbalheira que conseguiram encontrar na net ;-)
Mas, se conhecerem algum desses bizarros seres, encaminhem-nos para este repositório de missivas que pretende (sem grande esperança) elevar o nível cultural e social deste pobre país.

terça-feira, maio 31, 2005

Coisas que me fazem "espéce" #1

Défice provém da génese latina "deficit". A palavra latina "deficit" tem como antónimo a palavra, também latina, "superavit". Nesse caso, porque é que temos "défice" para "deficit" e não temos "superave" para "superavit"?

Já agora, porque é que "tudo junto" se escreve separado e "separado" se escreve tudo junto?

E, ninguém tem "alergoas" portanto um "alergologista" não se devia chamar "alergiologista"?

segunda-feira, maio 30, 2005

Quanto pesa o teu endereço de correio electrónico?

Porque é que os correios electrónicos portugueses pesam todos cerca de 11 quilos? É que ARROBA equivale a isso. Era uma medida utilizada antigamente pelos viticultores e que equivalia, grosseiramente, a 11,5 quilos. Se preferirem, em litros, 16,75 litros. É que o NOME do símbolo @ é realmente ARROBA. Mas é o nome do símbolo. Não é o que ele significa. Em vocabulário informático significa AT (lê-se ÉTE).
Dizer ARROBA quando se enuncia um endereço de correio electrónico é o mesmo que, para a nossa antiga moeda, quando víamos:

150$00

...dizermos cento e cinquenta CIFRÃO zero, zero. Mas não, não dizíamos o NOME DO SÍMBOLO!! Dizíamos o que o símbolo queria dizer, ou seja:

Cento e cinquenta ESCUDOS!!

Um conselho: não se armem em armazenistas ou viticultores. Esses sim, usam ou usaram a arroba. Em informática, no mundo dos bites e dos bytes, temos o AT.

sexta-feira, maio 27, 2005

Dinheiro mal distribuído



Ontem vi, "en passant" um programa televisivo sobre as gémeas Olsen, Mary-Kate e Ashley. Lá falavam, entre outras coisas, das somas astronómicas que estas meninas gastam em vestidos, sapatos, carros, relógios, jóias, acessórios de moda e demais bric-à-brac.
Eu não adjectivaria as somas gastas por estas duas meninas de "astronómicas". Eu diria antes "pornográficas"!!! Orgulhosas donas de Range Rovers que custam 75 mil dólares (60 000 euros ou 12 030 contos!!), nas suas roupas Prada, Gucci, Chanel, com Rolex de ouro de 8 580 euros (1 720 contos!!), ende soi on, ende soi on.
Mas não quero ser acusado de estar a criticar apenas estas duas "pobres" (valente força de expressão) meninas. Assistir ao relato deste chorrilho de somas que, de tão altas nem consigo sequer ter uma ideia do que representam, fez-me lembrar um outro programa que ouvi - este na rádio - sobre ordenados "chorudos". Ouvi nesse programa que uma senhora executiva que era, na altura, um dos quadros altos dos CTT, acumulava as funções de gestora noutra empresa, com a qual mantinha uma avença de... 19 000 contos. Ou seja, a senhora recebia por mês, para além do ordenado dos CTT (que não sei quanto seria mas, sendo um quadro alto e não uma subalterna carteira, não devia ser pouco) uns 19 mil contitos adicionais, fizesse ela muito (conforme o tempo livre do emprego nos CTT lhe permitia) ou fizesse a ponta de um corno. Ah, bela avença.
Mais exemplos ouvi nesse programa de rádio mas este foi o que mais volta me deu às tripas. E, devo adiantar, tudo isto foi já há uns bons anitos, numa altura em que 19 mil contos eram MESMO MUITO DINHEIRO!!
Este "desabafo" não pretende fazer as vezes de um choroso "também quero!". Pretendo sim explorar a máxima, talvez abusada em demasia pelo "sábio" povo, que o "dinheiro está mal distribuído". Eu, acrescentaria que mais que mal distribuído, é mal utilizado.
Se eu tivesse mais de 8 500 euros, compraria um Rolex de ouro? Mostrará horas e minutos de mais qualidade que as horas e minutos de um Timex, Tissot ou Swatch? É verdade que estes relógios Rolex caríssimos têm ligação a um satélite que garante que têm sempre o tempo correcto. Mas, eu gosto de ter o meu relógio adiantado uns minutos para garantir que chego a horas a certos sítios. Ou seja, o meu relógio de muito menos de 100 euros permite-me fazer algo que esse Rolex não deixa. Logo, para mim, esse Rolex é uma valente porcaria. Ah, e ser de ouro é melhor que o leve e resistente plástico do meu Swatch?
Creio que o contacto com o dinheiro destrói neurónios e interrompe vastas extensões de ligações sinápticas. Uma pessoa antes de ter dinheiro tinha um carro que lhe servia perfeitamente para a transportar do ponto A para o ponto B. Ao se ver com mais dinheiro compra um carro que a leva igualmente do ponto A para o ponto B mas que é muito mais caro, as revisões custam 10 vezes mais, as peças têm de ser de origem e só pode ser arranjado no concessionário por preços muito mais elevados, etc.
Ter umas calças da Zara torna-me uma pessoa pior que ter umas calças Yves Saint Laurent? Não me tapam ambas do mesmo modo a zona pudibunda?
Seria mentiroso se dissesse que, caso tivesse mais dinheiro, manteria o mesmo nível de vida. Mas compraria outro carro? Para mim não. O que tenho basta-me e gosto muito dele. Compraria talvez um para a minha esposa para não ter de prescindir da comodidade do carro nos dias em que ela precisa dele. Compraria uma casa melhor? Talvez... mas com mais assoalhadas? Para quê? Para ter de pagar a uma empregas extra (ou mais) para a conseguir manter limpa? Compraria relógios mais caros? O que tenho diz-me perfeitamente as horas e gosto dele. Compraria um computador novo? Talvez sim, para poder trabalhar em casa em vez de passar todo o meu tempo na agência. Sim, trabalhar... porque não creio que deixasse de o fazer. A ideia de, ao ter dinheiro, correr o risco de ficar com neurónios atrofiados já é suficientemente assustadora. Também ter de adicionar a esse, o risco de ficar com os músculos atrofiados por passar o resto dos meus dias a vegetar porque a conta bancária assim o permite, é absolutamente impensável.
O dinheirinho, bem distribuído e utilizado, chegava para todos e viveríamos num mundo muito melhor. Perdoem terminar com este chavão, mas... e não é que é verdade?

terça-feira, maio 24, 2005

Orgulho de falar português?

Que idioma se fala no Brasil? Qualquer brasileiro diria, prontamente: o português. E mais, di-lo-ia com orgulho. Mas, terão mesmo orgulho desse facto? Digo isto porque, à mínima hipótese, adoptam termos ou adulteram o português de modo a ficar mais próximo do americano. Bem, afinal eles são sul-americanos (não confundir com um americano do sul, com nomes tipo Billy Ray, Cathy Sue, Peggy Sue, Sue Ellen e outras Sues).
Digo isto porque ontem, durante o jantar, ouvi um pouco de uma novela (reposição no canal GNT) onde diziam coisas como "registro", "drink", "AIDS".
Analisemos então estas - e outras - expressões.

"Registro" quer, na realidade, dizer "registo". Mas em "amaricano", registo diz-se "register", portanto após o americanamento resulta a quimera "Registro".

"Drink" (como em "Vôcê qué tomá um drinki?") nem precisa de explicação. Que diabo, "drink" é bebida!! Ainda por cima trocaram-lhe o género. UMA bebida passou a ser UM drink.

"AIDS" significa Acquired Immune Deficiency Syndrome. Para os menos atentos, isto é INGLÊS!!! Porque é que os brasileiros não dizem SIDA, como nós? Atrevo-me a lançar uma teoria: a pronúncia inglesa de um brasileiro varia entre o anedótico e o incompreensível. Talvez por saberem isso mas, mesmo assim, querendo falar inglês, ficam-se pelas siglas que, ainda assim, vão soando menos mal. Mesmo assim "ÁIDZ" (pronúncia brasileira) está bastante distante de "EIDS" (pronúncia inglesa).

Como AIDS temos o DNA (DeoxyriboNucleic Acid), que os brasileiros também utilizam em vez da versão portuguesa ADN (ácido desoxirribonucleico). Mas aqui, há que também culpabilizar os portugueses pela utilização indevida desta sigla. Conheço técnicos de laboratório (alguns são familiares) que também dizem DNA em vez de ADN. Quando dizem isso, pergunto se também dizem AIDS. É nesta altura que, por falta de argumento, me dizem para calar e "Lá estás tu com essas palermices.".

Foi por isso que fiz este blog ;-)

Em oposição a este estranho amor pelo idioma dos "vizinhos de cima" temos a fúria desenfreada pela tradução de tudo. Simplificando, temos dois grandes mundos: a tradução literária e a tradução televisiva, vulgo dobragem... perdão, "doblagem" (aqui os brasileiros adoptaram o francês "doublé", num declarado galicismo).

A tradução literária por ser tão literal, presenteia os leitores com frases ou expressões que tocam as raias do incompreensível ou, pior ainda, criam no leitor uma errada noção de cultura ao fornecerem informação errada. Passo a dar um exemplo. Num livro técnico que comprei há muitos anos (uma tradução brasileira de um livro inglês) falam, a páginas tantas, de - no texto original - teardown menu. Um teardown menu é uma lista de comandos que pode ser destacada da barra de menus (perdão pelo galicismo, devia ser utilizada aqui a palavra "listas") e que pode ficar a flutuar no ambiente de trabalho, tornando mais simples o acesso a essa mesma lista de comandos. A tradução correcta para teardown menu seria lista destacável pois "tear" aqui quer dizer "rasgar" ou "destacar". O "down" é porque, normalmente, as listas estão em cima e, se forem "destacadas" ficam abaixo de onde estavam.
O problema é que "tear" (destacar) se escreve do mesmo modo que "tear" (lágrima). Daí que, o tradutor brasileiro tenha traduzido teardown menu para... respirem fundo... CARDÁPIO DE LÁGRIMA!!! Mais valia usar um tradutor automático, com todas as limitações que estes têm ;-)

A tradução televisiva, prefiro entendê-la como um toque de humor que se empresta aos programas de televisão, sejam eles de lazer (novelas e afins) ou de cariz mais informativo (documentários e afins).
Não consigo deixar de esboçar um sorriso (ou mesmo soltar uma descontrolada gargalhada) quando, num programa onde se acompanha uma equipa médica num hospital durante alguns dias, para além de dobrarem os diálogos dos médicos também se dão ao "trabalho"(?) de dobrar os queixumes, gemidos e respiração ofegante ou entrecortada dos doentes e sinistrados.
Apraz-me também verificar o esforço empregue na tentativa de "igualar" as vozes de "dobragem" às originais. Tentar usar uma mulher para dobrar uma mulher, um homem para dobrar um homem, e a alteração da voz de uma mulher ou homem para dobrar... uma criança ;-)
Também gosto de ouvir, em brasileiro, expressões como Wow, Uau, Sim!! por cima de expressões inglesas como Wow, Uau, Yes!! Ou mesmo a dobragem do riso ou do choro. É, literalmente, de ir às lágrimas ;-)
Não percebo porque não dobram também o rugido do leão ou o guinchar do macaco nos programas sobre a natureza.

segunda-feira, maio 23, 2005

Alguém já comeu NOGUES?

...porque é esse, sem dúvida, o fruto que dá a NOGUEIRA. Porque as nozes deviam nascer nas NOZEIRAS, certo?
E porque é que a oliveira não se chama azeitoneira? E o chaparro ou sobreiro não se devia chamar boloteiro?
E porque se chama parreira a uma planta que dá uvas? Porque é a parra mais importante que a uva? Será que o facto de as parras terem servido de underware a Adão e Eva lhes confere um estatuto especial, superior ao fruto predileto de Baco ou Dionísio?

Ganhamos?

É com um misto de incredulidade e, confesso, algum humor (vulgo, gozo) que ouço adeptos ferrenhos dos mais variados clubes a dizer "Ganhamos!!" quando o clube a que pertencem vence algum jogo. Quando é que se convencem que... como poderei dizer isto de um modo suave?

Os jogadores ganharam... os adeptos apenas assistiram!!

É tão bom estar sentadinho refastelado, muitas vezes no aconchego do lar, e depois dizer "Ganhamos!!" quando apenas uma pequena equipa realmente suou as estopinhas e se esfalfou para vencer.
Não posso ser injusto... os adeptos também se esforçam. Músculos retesados, coração aos pulos, suor a escorrer em bica a cada situação de perigo ou jogada mais perigosa. Também fazem o sacrifício(?) de, em pleno verão, saírem de casa com gorros e cachecóis. Expõem-se aos adeptos adversários que, pelo simples facto de pertencerem à facção clubística oposta, são capazes de lhes dar uma tareia de caixão-à-cova.
Mas, convenhamos, algum destes "esforços" contribuem em algo para a vitória da equipa? Não, meus senhores e minhas senhoras. Nada. Mas, do mesmo modo que até os analfabetos dizem de boca cheia que "TEMOS UM PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA PORTUGUÊS", é tão fácil assimilar a vitória de outrem para nós próprios, desde que esse outrem tenha uma qualquer relação ou ligação, mesmo que mínima, connosco.

Prevejo que, neste blog, muito haverá para falar nesta ridícula "doença" que é o fervor clubístico ;-)