terça-feira, maio 31, 2005

Coisas que me fazem "espéce" #1

Défice provém da génese latina "deficit". A palavra latina "deficit" tem como antónimo a palavra, também latina, "superavit". Nesse caso, porque é que temos "défice" para "deficit" e não temos "superave" para "superavit"?

Já agora, porque é que "tudo junto" se escreve separado e "separado" se escreve tudo junto?

E, ninguém tem "alergoas" portanto um "alergologista" não se devia chamar "alergiologista"?

segunda-feira, maio 30, 2005

Quanto pesa o teu endereço de correio electrónico?

Porque é que os correios electrónicos portugueses pesam todos cerca de 11 quilos? É que ARROBA equivale a isso. Era uma medida utilizada antigamente pelos viticultores e que equivalia, grosseiramente, a 11,5 quilos. Se preferirem, em litros, 16,75 litros. É que o NOME do símbolo @ é realmente ARROBA. Mas é o nome do símbolo. Não é o que ele significa. Em vocabulário informático significa AT (lê-se ÉTE).
Dizer ARROBA quando se enuncia um endereço de correio electrónico é o mesmo que, para a nossa antiga moeda, quando víamos:

150$00

...dizermos cento e cinquenta CIFRÃO zero, zero. Mas não, não dizíamos o NOME DO SÍMBOLO!! Dizíamos o que o símbolo queria dizer, ou seja:

Cento e cinquenta ESCUDOS!!

Um conselho: não se armem em armazenistas ou viticultores. Esses sim, usam ou usaram a arroba. Em informática, no mundo dos bites e dos bytes, temos o AT.

sexta-feira, maio 27, 2005

Dinheiro mal distribuído



Ontem vi, "en passant" um programa televisivo sobre as gémeas Olsen, Mary-Kate e Ashley. Lá falavam, entre outras coisas, das somas astronómicas que estas meninas gastam em vestidos, sapatos, carros, relógios, jóias, acessórios de moda e demais bric-à-brac.
Eu não adjectivaria as somas gastas por estas duas meninas de "astronómicas". Eu diria antes "pornográficas"!!! Orgulhosas donas de Range Rovers que custam 75 mil dólares (60 000 euros ou 12 030 contos!!), nas suas roupas Prada, Gucci, Chanel, com Rolex de ouro de 8 580 euros (1 720 contos!!), ende soi on, ende soi on.
Mas não quero ser acusado de estar a criticar apenas estas duas "pobres" (valente força de expressão) meninas. Assistir ao relato deste chorrilho de somas que, de tão altas nem consigo sequer ter uma ideia do que representam, fez-me lembrar um outro programa que ouvi - este na rádio - sobre ordenados "chorudos". Ouvi nesse programa que uma senhora executiva que era, na altura, um dos quadros altos dos CTT, acumulava as funções de gestora noutra empresa, com a qual mantinha uma avença de... 19 000 contos. Ou seja, a senhora recebia por mês, para além do ordenado dos CTT (que não sei quanto seria mas, sendo um quadro alto e não uma subalterna carteira, não devia ser pouco) uns 19 mil contitos adicionais, fizesse ela muito (conforme o tempo livre do emprego nos CTT lhe permitia) ou fizesse a ponta de um corno. Ah, bela avença.
Mais exemplos ouvi nesse programa de rádio mas este foi o que mais volta me deu às tripas. E, devo adiantar, tudo isto foi já há uns bons anitos, numa altura em que 19 mil contos eram MESMO MUITO DINHEIRO!!
Este "desabafo" não pretende fazer as vezes de um choroso "também quero!". Pretendo sim explorar a máxima, talvez abusada em demasia pelo "sábio" povo, que o "dinheiro está mal distribuído". Eu, acrescentaria que mais que mal distribuído, é mal utilizado.
Se eu tivesse mais de 8 500 euros, compraria um Rolex de ouro? Mostrará horas e minutos de mais qualidade que as horas e minutos de um Timex, Tissot ou Swatch? É verdade que estes relógios Rolex caríssimos têm ligação a um satélite que garante que têm sempre o tempo correcto. Mas, eu gosto de ter o meu relógio adiantado uns minutos para garantir que chego a horas a certos sítios. Ou seja, o meu relógio de muito menos de 100 euros permite-me fazer algo que esse Rolex não deixa. Logo, para mim, esse Rolex é uma valente porcaria. Ah, e ser de ouro é melhor que o leve e resistente plástico do meu Swatch?
Creio que o contacto com o dinheiro destrói neurónios e interrompe vastas extensões de ligações sinápticas. Uma pessoa antes de ter dinheiro tinha um carro que lhe servia perfeitamente para a transportar do ponto A para o ponto B. Ao se ver com mais dinheiro compra um carro que a leva igualmente do ponto A para o ponto B mas que é muito mais caro, as revisões custam 10 vezes mais, as peças têm de ser de origem e só pode ser arranjado no concessionário por preços muito mais elevados, etc.
Ter umas calças da Zara torna-me uma pessoa pior que ter umas calças Yves Saint Laurent? Não me tapam ambas do mesmo modo a zona pudibunda?
Seria mentiroso se dissesse que, caso tivesse mais dinheiro, manteria o mesmo nível de vida. Mas compraria outro carro? Para mim não. O que tenho basta-me e gosto muito dele. Compraria talvez um para a minha esposa para não ter de prescindir da comodidade do carro nos dias em que ela precisa dele. Compraria uma casa melhor? Talvez... mas com mais assoalhadas? Para quê? Para ter de pagar a uma empregas extra (ou mais) para a conseguir manter limpa? Compraria relógios mais caros? O que tenho diz-me perfeitamente as horas e gosto dele. Compraria um computador novo? Talvez sim, para poder trabalhar em casa em vez de passar todo o meu tempo na agência. Sim, trabalhar... porque não creio que deixasse de o fazer. A ideia de, ao ter dinheiro, correr o risco de ficar com neurónios atrofiados já é suficientemente assustadora. Também ter de adicionar a esse, o risco de ficar com os músculos atrofiados por passar o resto dos meus dias a vegetar porque a conta bancária assim o permite, é absolutamente impensável.
O dinheirinho, bem distribuído e utilizado, chegava para todos e viveríamos num mundo muito melhor. Perdoem terminar com este chavão, mas... e não é que é verdade?

terça-feira, maio 24, 2005

Orgulho de falar português?

Que idioma se fala no Brasil? Qualquer brasileiro diria, prontamente: o português. E mais, di-lo-ia com orgulho. Mas, terão mesmo orgulho desse facto? Digo isto porque, à mínima hipótese, adoptam termos ou adulteram o português de modo a ficar mais próximo do americano. Bem, afinal eles são sul-americanos (não confundir com um americano do sul, com nomes tipo Billy Ray, Cathy Sue, Peggy Sue, Sue Ellen e outras Sues).
Digo isto porque ontem, durante o jantar, ouvi um pouco de uma novela (reposição no canal GNT) onde diziam coisas como "registro", "drink", "AIDS".
Analisemos então estas - e outras - expressões.

"Registro" quer, na realidade, dizer "registo". Mas em "amaricano", registo diz-se "register", portanto após o americanamento resulta a quimera "Registro".

"Drink" (como em "Vôcê qué tomá um drinki?") nem precisa de explicação. Que diabo, "drink" é bebida!! Ainda por cima trocaram-lhe o género. UMA bebida passou a ser UM drink.

"AIDS" significa Acquired Immune Deficiency Syndrome. Para os menos atentos, isto é INGLÊS!!! Porque é que os brasileiros não dizem SIDA, como nós? Atrevo-me a lançar uma teoria: a pronúncia inglesa de um brasileiro varia entre o anedótico e o incompreensível. Talvez por saberem isso mas, mesmo assim, querendo falar inglês, ficam-se pelas siglas que, ainda assim, vão soando menos mal. Mesmo assim "ÁIDZ" (pronúncia brasileira) está bastante distante de "EIDS" (pronúncia inglesa).

Como AIDS temos o DNA (DeoxyriboNucleic Acid), que os brasileiros também utilizam em vez da versão portuguesa ADN (ácido desoxirribonucleico). Mas aqui, há que também culpabilizar os portugueses pela utilização indevida desta sigla. Conheço técnicos de laboratório (alguns são familiares) que também dizem DNA em vez de ADN. Quando dizem isso, pergunto se também dizem AIDS. É nesta altura que, por falta de argumento, me dizem para calar e "Lá estás tu com essas palermices.".

Foi por isso que fiz este blog ;-)

Em oposição a este estranho amor pelo idioma dos "vizinhos de cima" temos a fúria desenfreada pela tradução de tudo. Simplificando, temos dois grandes mundos: a tradução literária e a tradução televisiva, vulgo dobragem... perdão, "doblagem" (aqui os brasileiros adoptaram o francês "doublé", num declarado galicismo).

A tradução literária por ser tão literal, presenteia os leitores com frases ou expressões que tocam as raias do incompreensível ou, pior ainda, criam no leitor uma errada noção de cultura ao fornecerem informação errada. Passo a dar um exemplo. Num livro técnico que comprei há muitos anos (uma tradução brasileira de um livro inglês) falam, a páginas tantas, de - no texto original - teardown menu. Um teardown menu é uma lista de comandos que pode ser destacada da barra de menus (perdão pelo galicismo, devia ser utilizada aqui a palavra "listas") e que pode ficar a flutuar no ambiente de trabalho, tornando mais simples o acesso a essa mesma lista de comandos. A tradução correcta para teardown menu seria lista destacável pois "tear" aqui quer dizer "rasgar" ou "destacar". O "down" é porque, normalmente, as listas estão em cima e, se forem "destacadas" ficam abaixo de onde estavam.
O problema é que "tear" (destacar) se escreve do mesmo modo que "tear" (lágrima). Daí que, o tradutor brasileiro tenha traduzido teardown menu para... respirem fundo... CARDÁPIO DE LÁGRIMA!!! Mais valia usar um tradutor automático, com todas as limitações que estes têm ;-)

A tradução televisiva, prefiro entendê-la como um toque de humor que se empresta aos programas de televisão, sejam eles de lazer (novelas e afins) ou de cariz mais informativo (documentários e afins).
Não consigo deixar de esboçar um sorriso (ou mesmo soltar uma descontrolada gargalhada) quando, num programa onde se acompanha uma equipa médica num hospital durante alguns dias, para além de dobrarem os diálogos dos médicos também se dão ao "trabalho"(?) de dobrar os queixumes, gemidos e respiração ofegante ou entrecortada dos doentes e sinistrados.
Apraz-me também verificar o esforço empregue na tentativa de "igualar" as vozes de "dobragem" às originais. Tentar usar uma mulher para dobrar uma mulher, um homem para dobrar um homem, e a alteração da voz de uma mulher ou homem para dobrar... uma criança ;-)
Também gosto de ouvir, em brasileiro, expressões como Wow, Uau, Sim!! por cima de expressões inglesas como Wow, Uau, Yes!! Ou mesmo a dobragem do riso ou do choro. É, literalmente, de ir às lágrimas ;-)
Não percebo porque não dobram também o rugido do leão ou o guinchar do macaco nos programas sobre a natureza.

segunda-feira, maio 23, 2005

Alguém já comeu NOGUES?

...porque é esse, sem dúvida, o fruto que dá a NOGUEIRA. Porque as nozes deviam nascer nas NOZEIRAS, certo?
E porque é que a oliveira não se chama azeitoneira? E o chaparro ou sobreiro não se devia chamar boloteiro?
E porque se chama parreira a uma planta que dá uvas? Porque é a parra mais importante que a uva? Será que o facto de as parras terem servido de underware a Adão e Eva lhes confere um estatuto especial, superior ao fruto predileto de Baco ou Dionísio?

Ganhamos?

É com um misto de incredulidade e, confesso, algum humor (vulgo, gozo) que ouço adeptos ferrenhos dos mais variados clubes a dizer "Ganhamos!!" quando o clube a que pertencem vence algum jogo. Quando é que se convencem que... como poderei dizer isto de um modo suave?

Os jogadores ganharam... os adeptos apenas assistiram!!

É tão bom estar sentadinho refastelado, muitas vezes no aconchego do lar, e depois dizer "Ganhamos!!" quando apenas uma pequena equipa realmente suou as estopinhas e se esfalfou para vencer.
Não posso ser injusto... os adeptos também se esforçam. Músculos retesados, coração aos pulos, suor a escorrer em bica a cada situação de perigo ou jogada mais perigosa. Também fazem o sacrifício(?) de, em pleno verão, saírem de casa com gorros e cachecóis. Expõem-se aos adeptos adversários que, pelo simples facto de pertencerem à facção clubística oposta, são capazes de lhes dar uma tareia de caixão-à-cova.
Mas, convenhamos, algum destes "esforços" contribuem em algo para a vitória da equipa? Não, meus senhores e minhas senhoras. Nada. Mas, do mesmo modo que até os analfabetos dizem de boca cheia que "TEMOS UM PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA PORTUGUÊS", é tão fácil assimilar a vitória de outrem para nós próprios, desde que esse outrem tenha uma qualquer relação ou ligação, mesmo que mínima, connosco.

Prevejo que, neste blog, muito haverá para falar nesta ridícula "doença" que é o fervor clubístico ;-)

sexta-feira, maio 20, 2005

Pergunta nunca respondida...

90% das mulheres (percentagem perfeitamente arbitrária mas não muito longe da verdade, por certo) não consegue ir à casa de banho sozinha se tiver com, pelo menos, uma amiga junto a ela.
Porquê? Nem elas próprias sabem a resposta.
Será uma condição genética que advém da pré-história quando as "fêmeas" ficavam condicionadas às cavernas, em grupo, enquanto os "machos" caçavam mamutes lanudos e terem de partilhar o w.c. (water cavern) por falta de mais divisões? Ou será um reflexo incondicional, à laia de Pavlov, que as obriga a dizer "Eu vou contigo" mal outra mulher diz "Vou à casa de banho"?
Procuram-se opiniões, se possível das próprias intervenientes neste fatal acontecimento quotidiano.

Para que serve este blog?

Este blog é dedicado à exposição das ideias, dúvidas e devaneios que nos passam pela cabeça diariamente mas que, por receio do ridículo ou porque o decoro não o permite, guardamos para nós próprios. Aqui, defendidos pelo anonimato de um "nick" (ou não) podemos apresentar as mais disparatadas ideias para a apreciação (ou não) dos demais.

Agradecia que as mensagens aqui colocadas respeitassem as regras mínimas do vocabulário português. Sim, aquilo que se aprende na escola e que nos permite comunicar com correcção e eficácia. Vocabulário "internético" (vulgo, substituições de "c" e "q" por "k", substituições de "s" e "ch" por "x" e demais vivissecções ao idioma português) será, não apenas criticado e gozado, mas eventualmente banido (apagado) conforme me apetecer. Se querem colocar aqui ideias, coloquem-nas como deve ser, no nosso querido luso idioma.